sábado, 3 de dezembro de 2011

Cumplicidade.


Um dia desses estava na fila para comprar um ingresso para assistir a um jogo de futebol.  E logo atrás de mim tinha um casal. Eu estava observando-os fazia algum tempo, esperando alguma fala ou gesto, algo que pudesse virar texto. Foi quando ela disse: “O que eu não faço por você”. No minuto seguinte pensei: “muito obrigado por atender meus pensamentos!”

Certamente, ela não gosta de futebol e está lá por ele. Para lhe fazer companhia em meio a uma fila quilométrica, conversar, rir um pouco. Como o padre sempre fala: “Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”. Ou talvez até goste de futebol, mas prefira o conforto de assistir em casa sem aquele tumulto de um estádio. 

Mais a verdade é que talvez amanhã ou depois de amanhã, eles briguem e se separem. Talvez logo quando saírem dali com uma discussão boba e pronto! Lá se vai meses ou anos de convivência. Ou talvez não aconteça nada disso, talvez fiquem juntos para sempre, com a mesma cumplicidade presenciada por mim naquele momento. O que importa não é a duração e sim a intensidade. Cumplicidade. E eles foram cúmplices naquele momento, na fila.

Podemos viver anos com uma pessoa no mesmo teto, dividindo o mesmo lençol e não conhecê-la nem um pouco. A rotina não nos permite enxergar que está na hora de mudar, e não nos aceitamos sós. Temos medo da dolorosa e madura solidão. No entanto, é melhor uma solidão sincera do que um amor feito de ilusão. Foi amor, claro, um dia. Mas acabou. Somos seres humanos com a capacidade de amar várias vezes. De construir e desconstruir amores.
Nada melhor do que conhecer o outro pelo olhar. Conhecer o outro por dentro. E esse outro, ser o que você quer pela vida inteira. É, “o que eu não faço por você”.

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