domingo, 26 de fevereiro de 2012

"Era uma vez".

Outro dia desses, passou na TV “Era uma vez”. Um filme nacional que mostra as diferenças sociais da sociedade. E que tem como o plano de fundo, o amor de dois jovens de poderes aquisitivo distintos. Confesso que não esperava nada mais que um Romeu e Julieta, mas foi além. E aproveito o engate do filme para falar do outro. 

Da delicadeza de olhar para o outro e vê-lo além das roupas e pertences. Ver a essência. Ter a sutileza de olhar para o outro e enxergar o mais difícil: enxergar um ser humano que comete erros, que tem defeitos e virtudes. E algumas cicatrizes saradas pelo tempo.
Ter a pureza de enxergar o ser humano com alegria e dor suficientes. Abrir a mente para o novo. Porque o que importa não é onde se está, e sim, com quem se está. Precisamos ser cada vez mais, humanos na prática. No dia a dia. O famoso “olho no olho”.

Aproveitemos desta crônica para colocarmos na lista de promessas para 2012 ao lado de  “ preciso emagrecer”, “ ano de achar o amor da minha vida” e  “ vou parar com esse vício”, entre tantas outras... Colocaremos: “olhar o próximo como ser humano tal qual ele é”.
Quer dizer... Nessa lista a gente quase nunca cumpre o que escreve. Essa melhor guardar no coração.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Noite de terça.

– O que você vai fazer amanhã quando acordar ? – murmurou olhando para o teto.
– Bem, não sei. Depende. Porque você está perguntando isso ? – disse ele prevendo a resposta. 
– É que minha vontade é de ficar com você aqui para sempre. Importa-se se a gente ficar só abraçadinho ? – disse ela com um sorriso leve como a brisa, colocando o cotovelo na cama e a mão na cabeça.                                             
– Claro que não – sorriu ele, colocando a cabeça dela sobre seu peito.                                                                                                                                                 
– Abraçadinho... Que horror. Eu não acredito que eu falei abraçadinho!                                                       
– Melhor do que agarradinho juntinho ou sei lá o que – disse ele rindo sem direção.    
                        

Quando ele a percebeu estava dormindo. A verdade mesmo era que ele não gostava de dormir abraçadinho. Dava cãibras. Mas era ela pedindo. Ela dormiu com um sorriso leve no rosto, e com suas vírgulas em cada lado da bochecha. “Sorriso entre parênteses, só eu sou capaz de lê-lo, dizia ele”. A beleza dela era tão dela que parecia que ele a conhecia há anos. De qualquer outra cidade ou planeta, mas esse rosto não lhe era estranho. Mas a verdade, em meio a tantas outras verdades inacabadas, um pouco sujas e surrealistas, era a que ele a amava. Não sabia o porquê disso nem como.  Mas ele a amava. E pela respiração dela sabia, ela o amava também.            

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Outro lado da maçã.

Certa vez, a mesma pessoa especialíssima do outro texto, que andou querendo sair do meu rebanho, disse-me que eu só vejo o lado bom da maçã. Só o lado em que a tristeza, angustia e dor não têm vez, e onde o amor é o ator principal. Porque a vida é um sopro. Perder tempo com melancolias –pensava - era besteira.
Mas a vida engraçada como é, mostrou que a tristeza, angustia e dor são necessários, acredita? E sabe o que tem no outro lado da maça? O “eu” que a gente tem medo de encontrar, coração. Porque a tristeza tem dessas coisas, de nos mostrar quem somos sem máscaras ou brilhos falsos. Mostrar a carne viva. Escancarar os defeitos, medos, carências e fragilidades. E temos tanto receio de descobrirmos, que na verdade, somos tão fracos quanto um castelo de cartas, embora a maioria de nós faça questão de mostrar que aí, ó... É de pedra. Questão de esconder os medos e fragilidades. E essas mesmas pessoas fazem questão de espantar a tristeza. Elas têm medo de si próprias, coração. Porque não sabe quem são, por isso, tem medo de descobrirem que na verdade, elas não são nada daquilo que pensaram ser. E quanto a isso, faz-se necessário descobrir novos hábitos, reler e criar novas verdades. Não cabe reconstruir duas vidas numa só existência.  

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Diamante.

Bem, certa vez, uma pessoa especialíssima me disse, que quando a gente encontra alguém que nos toca lá no fundo, onde ninguém mais foi capaz de tocar, e provavelmente não será, encontramos o tão esperado diamante de nossas vidas. E em meio a tanto limo e pedras no poço, no fundo do fundo do poço, a gente encontra alguém. E o irônico nessa história, é que o diamante que encontramos no poço, muitas vezes, não é dos maiores e nem nos atrai tanto fisicamente. O problema, dentre tantos outros, é que esse diamante nos encanta. Ficamos deslumbrados da beleza que ele tem. O brilho que só nós somos capazes de enxergar. A textura, a cor, a delicadeza. No fundo do fundo do poço, depois que tiramos o limo, e peneiramos as pedras... Encontramos o nosso diamante. Porque é no fundo do fundo do poço, que descobrimos as coisas mais maravilhosas de nossas vidas. Quando encontrá-lo, parabéns. Você encontrou o amor da sua vida.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Correspondido.

E tem coisa melhor quando essa coisa, o amor, é recíproca? Quando os olhares dizem a mesma coisa, quando nos abraços sentimos o coração bater ao mesmo tempo. A mil. Tem coisa melhor quando os desejos são os mesmos, o momento certo para ambos, as expectativas melhores possíveis e alegria de estar junto ser melhor que tudo ? Quando o sorriso é farto e a conversa é boa. Quando as brigas são por coisas engraçadas e que sempre terminam em beijo. Quando a saudade tem nome, telefone e endereço fixo. Quando sentimos o cheiro do outro sem nem ao menos o outro estar ali.  Quando não existe medo do futuro porque o sorriso dela é tão mais lindo. Quando as músicas passam a ter sentido, e os finais de semanas nunca mais são os mesmos. E nem os textos lidos, nem as noites dormidas... Ou mal-dormidas. Enfim, nada depois que você apareceu foi à mesma coisa. Porque além de mim, agora eu passo a levar você também. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Melhor amigo.

‎ Hoje eu percebo. É que você todo esse tempo parecia meu amigo. Só, tão e somente, meu amigo. Meu melhor amigo. Você fala como um amigo, olha como amigo, telefona como um amigo, e o seu abraço... É de amigo (as mãos nunca chegam, em momento algum, na cintura). O seu beijo, sempre na testa... De amigo.  Seus conselhos, carinhos, olhares, enfim. Eu  devia ter desconfiado, seu cheiro é cheiro de namorado, sua preocupação é de namorado, o seu “te cuida” é um “eu te amo” com vergonha de ser dito. Nossas conversas nos e-mails hoje as relendo, nunca foram de simples e bons amigos.
E sabe o que eu aprendi? Existe sempre alguma coisa de errado numa amizade, quando só nós dois somos os são legais, enquanto o resto do mundo não presta. E eu só fui perceber isso, quando estava apaixonada por você.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ela era diferente.

Ela era assim mesmo, dessas garotas bem tortas. E gostava de ser assim, diferente. Ela provocava risos, e tinha aquela coisa de sorriso entre parênteses.  Sabia usar a ironia como poucos, e sempre estava disposta a ajudar. Ela era de sorriso fácil, e sempre que sorria, fazia-o com os lábios e também com os olhos. Ela conservava seus amigos, que não eram muitos, mas eram os melhores. Como eu disse, ela era torta, errada, mas era sem artifícios, enfeites ou brilhos falsos. Cheia de imperfeições incorrigíveis, ela gostava de sentir e ser por completo. Tinha um quê de mulher brasileira. Não bebia nem fumava. Ela tinha brilho e amor próprio. E ela gostava de ser assim, torta. E o melhor de tudo, eu a amava por isso.