Você levanta da cama e coça os olhos para ver se não está
sonhando. Observa ao redor e não vê ninguém. Toma um banho e sai para mais um
dia de trabalho. A pessoa com quem você ficou não deixa número e nem endereço.
Nenhum sinal de vida, o que te leva a pensar que foi tudo um sonho, o que as
cobertas emaranhadas e os travesseiros desmentem.
Porque só conseguimos ver a real beleza do amor depois do
sexo. Quando corpos exaustos se completam no mesmo ritmo. Quando você acaba por
dormir em cima dos braços dele com as pernas emaranhadas fazendo um encaixe
perfeito dos pés, mesmo você 35 e ele 42(não há gesto tão intimo quanto deitar
e entrelaçar as pernas), o suor ainda balbuciando, os hormônios voltando ao
estado normal, o cheiro de testosterona e progesterona ainda no ar, os corpos
contornando-se em forma de conchinha. A
sensação de que foi um sonho. A mistura
dos cheiros e sabores, a descoberta de que ele ronca dependendo da posição e
que não te atrapalha tanto assim, ou quando você acorda e o outro continua
dormindo e você observa-o nos mínimos detalhes: os traços do rosto, o desenho
do queixo, e a nuca onde a boca teimava em ficar.
Porque a beleza do amor vem logo depois do seu ato mais
contundente – o sexo (onde hoje nem sempre se faz somente por amor). As cobertas
emaranhadas ainda escondem, sem tanto mistério e curiosidade, a genitália um do
outro. Já não há tanto mistério. Porque o amor, afinal, é “só isso”.
Sem posições complexas do Kama Sutra, gemidos de estourar tímpanos
e apresentações dignas de ganhar o Oscar. É, disse a morena pra mim “o amor é
só isso mesmo”. Duas pessoas que se amam, dois corpos que se encaixam em
perfeita harmonia.
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