Às vezes fico observando casais nas praças domingo de tarde, e casais de todas as faixas etárias, e certa vez vi um casal que não estava se beijando, e nem dando a mão, aparentemente esquisito para um casal. Eles ficavam se observando, se protegendo, se amando. Confesso que me deu uma pitada de inveja dos dois.
Sabe quando você sente falta de ter aquele papo cabeça com uma pessoa que você gosta muito, você não quer essa pessoa só pra beijar e ter relações sexuais, não! É uma coisa que vai além, é um companheirismo, coisa de irmão mesmo. Você sente falta daquele friozinho na barriga, as mãos soando, tremedeira nas pernas, não saber o que falar...
Fico inconformado, sabe? Quantas chances eu deixei passar, quantas pessoas que se dispuseram a ocupar esse vazio, e hoje sinto falta e lhe conto tristemente, e pra essas pessoas: eu disse não. Hoje na verdade, com os pés no presente e olhando para o futuro, eu quero alguém que quando eu falar que for embora, que diga pra eu ficar! Quero alguém que desfaça essa minha mala de solidão que, está sempre pronta, sempre querendo se mudar, por inadaptação. Quero um lugar fixo, e uma pessoa também.
Acomodei-me junto com a solidão, fiz dela uma casa da qual a minha entrada era automática, eu me acostumei tanto em ser sozinho, tanto em ter aquele sorriso- confiante-que-nada-derrubará que, já não sei mais como é ter alguém. Pode parecer triste, mas essa que é verdade.
Matheus Melgaço
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